domingo, 13 de março de 2011

Um doce cheiro de liberdade




A religião, seja ela qual for, não é de Deus. As religiões foram criadas pelo homem. Nasceram a partir das culturas de cada recanto do mundo, inicialmente, com o intuito de ensinar ao ser humano como chegar até o divino. Misturada a crendices foi construindo um Deus mau, perverso e punitivo. Logo, tornou-se o que é hoje: instrumento de manipulação de massas que, juntamente com o capitalismo, escravizou a humanidade em prol dos interesses de alguns.


A partir do século XX, mais do que nunca, o modus operandi da sociedade humana, seja ela ocidental, seja ela oriental é o logos. Ser e ter se confundem de forma assustadora. A dignidade humana passa a ser medida pelo que se tem e não pelo que se é. A cultura, a intelectualidade, o enriquecimento do espírito fora relegado a um plano muito inferior. A intelectualidade está resumida ao que se vê e ao que se ouve. Não há tempo para a reflexão, para a leitura, para a filosofia, para o amor, para a troca de experiências porque é preciso ganhar dinheiro para ter, ter e ter.


Isto não é real. Como resultado, vemos hoje a calamidade instalada em nossos tempos. A natureza rebela-se para expulsar quem tanto a agrediu sob a falsa égide do desenvolvimento. Os poderosos conglomerados capitalistas lutando contra sua extinção e uma sociedade completamente destituída de valores reais. Famílias degradadas, cujos filhos mostram-se absolutamente vazios de valores morais e éticos. Pobres de espírito. Espíritos pobres por serem frutos de ignorantes sucumbidos a ilusão da posse.


A ciência se perdeu ao curvar-se ao capital e criou cientistas que ora brincam de deus, ora trabalham como burocratas cheios de arrogância e prepotência, lutando para manter seus empregos e para tornarem-se notórios, satisfazendo sua vaidade pessoal e ignorando por completo a existência de uma inteligência superior. Citemos Albert Einstein em seu último artigo, "Science and Religion": "A minha religião traduz-se na minha admiração respeitosa por uma potência espiritual ilimitada que se revela mesmo nas coisas mais pequenas que poderíamos conceber com a nossa fraca e frágil razão, pela convicção profunda da presença de uma inteligência espiritual que se revela num universo incompreensível que constitui a minha representação de Deus."


A religião não precisa existir. Rogo pelo fim de todas elas. Isto não significa o fim de Deus para a humanidade. Muito pelo contrário, significa o reencontro do homem com a espiritualidade, com o Deus real.


Precisamos de um Renascimento. Para isso, será necessário o fim do capitalismo. o rompimento de suas relações escravizantes que visam o enriquecimento de alguns e vendem a falsa impressão de que trabalhamos para ter e que sua dignidade depende de sua capacidade de acumular riquezas.


Não há mudança sem dor. Neste momento, vemos sofrimento por toda parte, seja no plano econômico, político, social ou ambiental. Citemos como exemplos as catástrofes ambientais, o dominó das ditaduras árabes, os EUA de pires na mão, etc. Muitos acham ser o fim dos tempos. Outros tantos percebem, por trás de tudo isso, um doce cheiro de liberdade.
 Ainda há salvação para nossa gente. 
Após o caos, virá uma nova era, onde o logos será substituído pelo mythos. E aí, perceberemos que a verdade não se vê. A verdade está oculta.
 Resgataremos a dignidade pelo que se é e não pelo que se tem. 



5 comentários:

  1. Percebo sua fúria com relação aos dias de hoje, mas devo lembrá-lo que os valores mudaram, as famílias mudaram e a concepção de Deus também mudou, mais a FÉ não mudou.
    A fé no bem viver, a fé na felicidade, a fé nas realizações, a fé no amor, seja ele como for, a fé em novas políticas que possam renovar os conceitos de capitalismo exagerado, lembrando que muitos só estão conhecendo o capitalismo agora, cuidar do meio ambiente, cuidar do povo, a fé em que a humanidade possa desfrutar de novas conquistas científicas e seus realizadores também, enfim a fé na vida.
    O que devemos ter é esperança em dias melhores, em valores melhores, famílias melhores, em políticas melhores, e acreditar que essa força maior chamada Deus nos de fé e esperança para continuarmos.
    Talvez pareça muito otimista ou esteja sendo utópica, mas eu acredito e não perco a esperança no ser humano.

    O justo meio – Aristóteles

    “As ações estão sujeitas a se tornar imperfeitas, ou por escassez ou por excesso”.

    Profa. Sandra Adorno

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  2. Pensando no mundo moderno, é difícil afirmar sobre valores certos ou errados quando se é ensinado que não existe verdade ou valores absolutos. Assim sendo, poderíamos concordar com qualquer estilo de vida que o homem decidisse viver. Mas, existe verdade e quando a humanidade se levanta para viver contra essa realidade que o rodeia, todo o sistema sofre com isso, desde o meio ambiente, até os relacionamentos pessoais e isso envolve tanto a família, quanto a economia e política.

    O grande problema são as idéias propagadas dentro das nossas universidades e adentrando a sociedade. Idéias tem pernas e tanto o pensamento cientéfico filosófico quanto o pensamento teológico podem ser prejudiciais para a humanidade quando os mesmos não trazem a manifestação da verdade, que é nada mais, nada menos do que a descrição correta da realidade.

    Por isso dentro do pensamento crítico posso recriminar ciencias, filosofias e religiões, quando essas não respondem aos anseios da humanidade. Ao mesmo tempo, o contrário é verdadeiro.

    Bom texto!


    Rennan, amigo de seu aluno Alan Chung, o pensador.

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  3. Rennan, obrigado pelo comentário. Participe sempre! Abraço!

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  4. Israel se sua intenção era polemizar o tema vc dançou, cara eu simplesmente adorei o texto e em vários aspectos concordo plenamente, aliás para falar a verdade até mesmo traduz um pouco algumas revoltas minhas, principalmente no que se refere a Idiotice acadêmica e noção de Deus como um mero cumpridor dos contratualismos em função e ao lado de Estados ricos e exploradores, um Deus punidor e executor de sua plena vontade de mariotenar as criações, que ele sendo onisciente, sabia que iriam, em sua grande maioria,fora da impossível moralidade ocidental, queimar eternamente. Esse definitivamente não é Deus, mas uma criação arquétipa destorcida, esse é o ópio a que Marx se referia. Infelizmente teleguiados na matrix da produção grande parte da humanidade, enveredou para o distanciamento do sagrado e capitalizou a natureza. De verdade meu irmão? Não vejo saídas mirabolantes e a ignorância crescente me aparta de vislumbrar um caminho tranqüilo. De boa? Ótimo! Já que é pra desabafar; EU QUERO MAIS É QUE O SISTEMA QUEBRE DE VEZ, reformas paliativas não resolvem e sei que AGORA enquanto pouquíssimos enriquecem e concentram cada vez mais uma esmagadora maioria sofre DE VERDADE. RADICAL! Mas graças a DEUS conheci um grande cara que ainda ganha seu tempo refletindo ( ainda há esperança rs) filosofando em sua voz gutural “Robson, meu querido, as vezes ser radical é importante, problemas graves demandam análises em sua RAIZ “ Rui Moreira.
    Obrigado pelo texto realmente adorei!
    UFA!!! Desengasguei RS.

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  5. Nego, refletindo nessa discussão que vc fez sobre o Logos e o Mythos, resolvi dar uma pesquisada e encontrei uma tese de Doutorado defendida em casa (rs) na PUC/SP, me pareceu bem interessante:
    http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5609

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