O inglês Charles Darwin criou a teoria da Seleção Natural para explicar como se dá a evolução dos seres vivos que se modificam com o passar do tempo, adaptando-se à realidade do meio em que vivem.
Quando utilizamos antibióticos no tratamento de inflamações, submetemos as bactérias a um processo de seleção. As células bacterianas possuem DNAs circulares chamados plasmídeos. Estes são trocados entre elas através da conjugação. Isto faz com que ocorram combinações diferentes de genes, aumentando a variabilidade das bactérias. Com isso, as chances de surgirem características novas passam a ser cada vez maiores e dentre elas, podem ocorrer combinações genéticas que as tornem resistentes a vários antibióticos.
Estas sobreviventes irão conjugar-se com outras bactérias, transmitindo os genes da resistência. Vamos analisar um exemplo prático: João toma o antibiótico 1 para combater a bactéria A. Maria, colega de trabalho de João, toma o antibiótico 2 para combater a bactéria B. Algumas As conseguem sobreviver, assim como algumas Bs também sobrevivem. Essas bactérias podem se encontrar e fazer conjugação quando João e Maria estiverem em contato. Assim teremos ambas resistentes aos dois tipos de antibióticos.
Imaginemos agora que João precise, no futuro, tomar antibióticos novamente. Nem o 1, nem o 2 farão efeito e, assim, ele precisará de uma terceira droga. Todo o processo se repetirá e dessa forma, surgirão bactérias cada vez mais resistentes a diversos antibióticos, tornando difícil o seu controle.
As manifestações bacterianas podem ser tratadas com antiinflamatórios ou antibióticos. Quais as diferenças entre eles?
Os antiinflamatórios são drogas bacteriostáticas. Impedem a multiplicação das células bacterianas bloqueando o mecanismo de divisão celular e, dessa forma, ajudam o organismo a combater a infestação. Já os antibióticos, são drogas bactericidas. Matam os microrganismos, debelando a infecção.
Entretanto, é preciso que haja muito critério no uso dos antibióticos porque, ao contrário das drogas antiinflamatórias, estes, como já dissemos, provocam a seleção natural. O uso indiscriminado de compostos bactericidas tem tornado cada vez mais freqüentes os quadros de septicemia (infecção generalizada) e infecções hospitalares, colocando-as no topo do ranking de óbitos no Brasil. Vale ressaltar que na última semana de julho deste ano, foi registrado no Hospital Nove de Julho, em São Paulo, o caso de uma garota de 18 anos com grave quadro de pneumonia que não respondia a nenhuma terapia com antibóticos, tratando-se claramente, de uma bactéria multiresistente.
Wagner Israel.
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