terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cuidado: vírus a solta!

Há pouco tempo, vimos o mundo alarmado com a gripe aviária, cujo surto se iniciou na Ásia e rapidamente espalhou-se por vários países europeus, contaminando milhares de pessoas e matando centenas de outras.

Novamente somos assombrados por um novo vírus, o causador da gripe suína, cujo surto iniciou-se no México e rapidamente espalhou-se pelo mundo, especialmente nos Estados Unidos. Milhares de casos e alguns mortos. Algumas pessoas acham que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a imprensa alarmam mais do que o necessário. Outras entram em tal estado de pânico, tornando-se paranóicas.

O que é verdade e o que é mentira? A OMS está certa ao “alertar” sobre os riscos de uma pandemia? Por que esses vírus surgem? Até que ponto as pessoas precisam tornar-se paranóicas em relação à situação?

Vamos tentar responder a essas perguntas, uma por vez.

O primeiro caso de gripe suína, portanto em porcos, foi relatado em 1930. Assim como os humanos, porcos, aves, cães e outros animais possuem suas viroses e infecções. O que ocorre é que nem sempre as viroses de uma espécie são transmitidas para outra.

A chamada gripe suína, agora rebatizada de A, é provocada pelo vírus Influenza, causador da gripe humana, combinado com o vírus da gripe aviária e com o vírus da gripe suína.

A OMS está correta ao alertar severamente sobre o novo vírus, afinal, é melhor prevenir do que remediar. Trata-se de uma nova combinação de materiais genéticos virais, de efeitos imprevisíveis. Decorrido algum tempo, pode-se observar que o vírus não é tão letal quanto se imaginava inicialmente, mas é facilmente transmitido de uma pessoa para outra.

Essas combinações virais surgem devido ao grande poder mutante que possuem. Quando um vírus invade o organismo, ele busca uma célula onde possa depositar seu material genético (DNA ou RNA). A esse processo se dá o nome de infestação viral. Ao associar seu material genético com o da célula invadida, seu metabolismo passa a ser controlado, fazendo com que o mesmo produza novos vírus. A cada nova associação, diversas características são adquiridas por eles. Essas mudanças genéticas são chamadas de mutações e seus efeitos são imprevisíveis.

Além disso, é importante ressaltarmos as consequências dos desequilíbrios ecológicos provocados pela ação humana sobre o meio ambiente. Ao devastarmos ecossistemas inteiros, são também exterminadas espécies animais e vegetais. Assim, os vírus transformados migram em busca de novos organismos por não possuírem estrutura celular para se reproduzirem, sendo classificados como parasitas intracelulares obrigatórios.

A gripe comum tem causado milhares de mortes no mundo, geralmente em indivíduos enfraquecidos por uma outra doença anterior ou em estados de desnutrição.

A gripe A também tem causado óbitos em indivíduos nessas condições. Não há motivos para pânico e sim para prevenção: lavar as mãos regularmente, evitando aglomerações e ambientes pouco ventilados. Ao apresentar sintomas como febre alta repentina (39ºC), dores pelo corpo, tosse e coriza, procurar atendimento médico. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais fácil é a cura.

A gripe aviária acabou não chegando ao Brasil e, talvez, uma das razões prováveis para isso tenha sido o nosso verão. As aves migram para a América no verão e o vírus pode não ter resistido às altas temperaturas dos trópicos. Se observarmos o mapa da gripe aviária, podemos perceber que, à medida que as aves migraram da Europa para as Américas, os casos foram tornando-se mais raros.

No surto da gripe A, infelizmente, a situação é adversa para nós porque seu surgimento coincide com nosso outono/inverno, momento propício para resfriados, gripes e viroses em geral, não só pelas temperaturas mais baixas, mas também pela estiagem característica da época - especialmente nos estados do sul e sudeste do Brasil. A falta de chuvas impede a dispersão, não só de poluentes, mas também de partículas virais e bacterianas.

Portanto, ao invés de pânico, o momento é de atenção aos sintomas e medidas básicas de higiene, sempre.

Wagner Israel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário